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Mãe e filho começam a criar um vínculo de intimidade desde a gestação, quando o bebê ainda está na barriga. Depois do nascimento, a amamentação é a principal forma de fortalecimento desse vínculo, mas está longe de ser a única. O pai, os cuidadores primários e toda família também exercem um papel fundamental de nutrição emocional que será determinante para o desenvolvimento da criança. Deste modo, as brincadeiras podem fortalecer o vínculo com o bebê de forma que todos ao redor tenham a oportunidade de criar essa proximidade.
A construção desses laços de afeto pode ser estimulada não só pelo cuidado, mas pelas brincadeiras, que funcionam como um primeiro campo de aprendizagem para os bebês. Neste artigo, você vai entender como brincar pode ajudar no fortalecimento dos vínculos familiares e no crescimento do seu filho.
Nos primeiros três anos de vida, o cérebro da criança está mais ativo do que nunca, formando estruturas essenciais e absorvendo uma gama enorme de estímulos e aprendizados. O especialista em neurologia infantil Saul Cypel afirma que há evidências neurobiológicas de que as interações e brincadeiras com os cuidadores são determinantes para a estruturação dos circuitos cerebrais. É brincando que os bebês começam a desenvolver habilidades básicas de memória, atenção, coordenação motora, além da sociabilidade.
Vale lembrar que brincar não é o mesmo que se entreter. Com tanta oferta de tecnologias digitais, jogos e entretenimento virtuais pode ser cada vez mais difícil para os pais limitar esse contato e encorajar as brincadeiras ativas, que envolvam o corpo e a interação presencial. A recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria, contudo, é de que até os dois anos de idade as crianças não tenham nenhum tipo de exposição às telas. O contato visual e físico com os cuidadores deve ser o estímulo primordial para essa primeira fase do desenvolvimento.
Nessa etapa inicial, brincar também é construir relações com o mundo e com os cuidadores. Os familiares apresentam o mundo ao bebê e atuam como um lugar de segurança física e emocional. Ao brincar com a criança, o adulto permite que ela explore e aprenda, ao mesmo tempo em que oferece acolhimento nesse processo de descoberta, fortalecendo o sentido de vínculo. Essas primeiras relações de segurança e afeto serão a base para construir a autoestima e a confiança de um indivíduo em formação.
Brincar e nutrir o vínculo com o seu bebê pode ser cultivado por meio de rotinas e atividades simples do dia a dia. Nem sempre precisa envolver muitos brinquedos, mas, sim, uma troca com atenção e cuidado. Vamos conhecer quais são os tipos de brincadeiras para estimular o crescimento e os laços de afeto com seu filho.
O célebre psicólogo e pesquisador do desenvolvimento infantil Jean Piaget definiu a fase de zero a dois anos como o estágio sensório-motor, quando a criança explora e aprende, sobretudo, pelas sensações e pelo movimento do corpo. Por isso, brincadeiras que estimulem o bebê a perceber e apurar os cinco sentidos são ideais para esse período. Nos primeiros seis meses, esses sentidos já podem ser trabalhados com mordedores, chocalhos e livrinhos de pano ou plástico.
O contato físico é fundamental para que os bebês tenham um sentido de segurança no acolhimento oferecido pelos cuidadores, mas também o senso do próprio corpo e individualidade. É por meio do corpo que eles vão estabelecendo a interação e os limites com o mundo externo. Beijar, abraçar, fazer cócegas suaves e massagens auxilia nessa percepção. A Shantala, por exemplo, é um tipo de massagem de origem hindu que já ficou mundialmente famosa como uma técnica para acalmar o bebê, melhorar o sono, aliviar cólicas e até mesmo ajudar no desenvolvimento dos órgãos.
A imitação é um poderoso instrumento de aprendizagem. Nos primeiros anos de vida, as crianças aprendem muito observando e imitando os pais, cuidadores e irmãos. Em parte, a imitação está ligada aos neurônios espelho, que estão sendo bastante investigados pelos cientistas nos últimos anos. Você pode estimular essa habilidade no seu filho desde cedo, copiando gestos, sons e expressões faciais do bebê. Assim, ele fará o mesmo e começará a explorar essa forma de aprendizagem.
As habilidades de linguagem também já devem ser estimuladas por meio das brincadeiras desde os primeiros meses de vida. Por volta dos três meses, as crianças já demonstram algumas interações com o contexto linguístico e já são capazes de reconhecer o som do próprio nome. Aos seis meses, quando começam a emitir algumas sílabas, se elas sentem que os cuidadores estão respondendo aos sons que estão produzindo, tendem a continuar experimentando a fala. Ou seja: quanto mais interação, maior é o desenvolvimento cognitivo. Por isso, brincar com os sons e palavras, cantar e conversar é capaz de encorajar a fala e a linguagem, além de criar uma comunicação única entre você e o seu bebê, fortalecendo o vínculo.
A gente sabe, os primeiros anos de vida dos filhos podem ser exaustivos. Os cuidados para amparar essa nova vida exigem muito trabalho – que na maioria das vezes precisa ser conciliado com o trabalho remunerado exercido pela mãe e pelo pai. Mas, tirar um tempo de qualidade para brincar com seu bebê pode não só auxiliar no crescimento e no progresso cognitivo, mas também ser muito recompensador para os pais, nutrindo os vínculos de forma saudável. A brincadeira ainda pode envolver toda a família, favorecendo o senso de pertencimento.
Além disso, essas brincadeiras simples levam os pais a ficarem mais atentos aos marcos do desenvolvimento infantil, podendo identificar eventuais atrasos motores ou de linguagem e, assim, procurar orientação profissional o quanto antes.
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